Benfeitores das Misericórdias ameaçam alterar testamentos
2010-10-21
Alexandra Serôdio
Os provedores das Misericórdias estão a ser confrontados pelos seus benfeitores com o decreto que altera a tutela das instituições. Muitos já garantiram a alteração dos seus testamentos, no sentido de limitar o acesso da Igreja Católica Portuguesa aos seus bens.
foto Fernando Timóteo/Global Imagens
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) confirma os contactos que tem mantido com os provedores, que se têm mostrado preocupados com as dúvidas dos benfeitores.
"Muitos querem saber se os bens vão para a Igreja e, se assim for, dizem que vão alterar os testamentos", revela Manuel Lemos, garantindo que até ao momento não falou com nenhum benfeitor, mas apenas com os provedores.
"Durante cinco século as pessoas sempre souberam distinguir o que é dar à Igreja e o que é dar às Misericórdias. A verdade é que querem continuar a dar às Misericórdias com o intuito destas continuarem a ajudar os pobres", explicita o responsável, admitindo que o decreto da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) "está a criar muita confusão nos beneméritos".
Manuel Lemos assegura que a hora "é de manter a calma", já que acredita conseguir "esclarecer tudo" com os bispos. "Garanto a minha vontade de diálogo total", diz o responsável, desejando que até à assembleia plenária da CEP (que se realiza em Fátima, de 8 a 11 de Novembro) "se encontre um compromisso de futuro de relacionamento" entre as duas instituições. "O importante é que a fractura que está a gerar-se possa ser tapada", afiançou.
"Existem muitas pessoas preocupadas que já nos contactaram por causa do seu património." A revelação é feita ao JN pelo provedor da Misericórdia de Gaia. Joaquim Vaz revelou ter sido contactado por alguns benfeitores que "já fizeram as suas santas disposições (testamentos) e que estão vivos, e que querem saber se os bens das Misericórdias vão ou não passar para a Igreja".
Alegam que "têm doações à instituição e que não vão permitir que alguém se venha apropriar desses bens", revela o responsável, lembrando que, apesar da matriz católica das Misericórdias, "os bens são doados para os pobres que a instituição acompanha".
"É confrangedor para um provedor ouvir isto", admite Joaquim Vaz, 72 anos e há 30 ligado à Misericórdia de Gaia, adiantando que a alteração dos testamentos "é a ponta do icebergue".
Lembrando que "o património é dos pobres" e que "os provedores são apenas os gestores", o responsável diz que as Misericórdias "não podem permitir a quem quer que seja que se venha a apropriar dos bens dos pobres".
Alguns provedores de Misericórdias do país, contactados pelo JN, confirmaram a vontade de muitos beneméritos, mas todos eles garantiram que até ao momento "ainda não foi realizada nenhuma alteração testamentária".
Em Portugal existem 400 Misericórdias que são detentoras na área da saúde de 19 hospitais e inúmeras clínicas. Na área social prestam serviços a mais de 500 mil utentes. Garantem emprego a mais de 100 mil portugueses.
JN
2010-10-21
Alexandra Serôdio
Os provedores das Misericórdias estão a ser confrontados pelos seus benfeitores com o decreto que altera a tutela das instituições. Muitos já garantiram a alteração dos seus testamentos, no sentido de limitar o acesso da Igreja Católica Portuguesa aos seus bens.
foto Fernando Timóteo/Global Imagens
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) confirma os contactos que tem mantido com os provedores, que se têm mostrado preocupados com as dúvidas dos benfeitores.
"Muitos querem saber se os bens vão para a Igreja e, se assim for, dizem que vão alterar os testamentos", revela Manuel Lemos, garantindo que até ao momento não falou com nenhum benfeitor, mas apenas com os provedores.
"Durante cinco século as pessoas sempre souberam distinguir o que é dar à Igreja e o que é dar às Misericórdias. A verdade é que querem continuar a dar às Misericórdias com o intuito destas continuarem a ajudar os pobres", explicita o responsável, admitindo que o decreto da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) "está a criar muita confusão nos beneméritos".
Manuel Lemos assegura que a hora "é de manter a calma", já que acredita conseguir "esclarecer tudo" com os bispos. "Garanto a minha vontade de diálogo total", diz o responsável, desejando que até à assembleia plenária da CEP (que se realiza em Fátima, de 8 a 11 de Novembro) "se encontre um compromisso de futuro de relacionamento" entre as duas instituições. "O importante é que a fractura que está a gerar-se possa ser tapada", afiançou.
"Existem muitas pessoas preocupadas que já nos contactaram por causa do seu património." A revelação é feita ao JN pelo provedor da Misericórdia de Gaia. Joaquim Vaz revelou ter sido contactado por alguns benfeitores que "já fizeram as suas santas disposições (testamentos) e que estão vivos, e que querem saber se os bens das Misericórdias vão ou não passar para a Igreja".
Alegam que "têm doações à instituição e que não vão permitir que alguém se venha apropriar desses bens", revela o responsável, lembrando que, apesar da matriz católica das Misericórdias, "os bens são doados para os pobres que a instituição acompanha".
"É confrangedor para um provedor ouvir isto", admite Joaquim Vaz, 72 anos e há 30 ligado à Misericórdia de Gaia, adiantando que a alteração dos testamentos "é a ponta do icebergue".
Lembrando que "o património é dos pobres" e que "os provedores são apenas os gestores", o responsável diz que as Misericórdias "não podem permitir a quem quer que seja que se venha a apropriar dos bens dos pobres".
Alguns provedores de Misericórdias do país, contactados pelo JN, confirmaram a vontade de muitos beneméritos, mas todos eles garantiram que até ao momento "ainda não foi realizada nenhuma alteração testamentária".
Em Portugal existem 400 Misericórdias que são detentoras na área da saúde de 19 hospitais e inúmeras clínicas. Na área social prestam serviços a mais de 500 mil utentes. Garantem emprego a mais de 100 mil portugueses.
JN
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