sexta-feira, 17 de abril de 2009

TUDO ISTO FOI OMITIDO ÀS MISERICÓRDIAS

UMP
Conferência Episcopal contra as Misericórdias
Por Graça Rosendo
A conferência Episcopal quis impedir a tomada de posse da nova direcção da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), eleita no final do ano passado e que colocou Manuel de Lemos à frente da organização



Por duas vezes, em cartas dirigidas à então presidente da Assembleia Geral da UMP, Maria de Belém, o representante da Conferência Episcopal solicitou o «adiamento» da cerimónia de posse, com base no facto de existir um recurso de impugnação dos resultados eleitorais apresentado pelo provedor da Misericórdia de Campo Maior, João Carrilho.

Manuel de Lemos, que concorreu numa lista única, foi escolhido para presidente, passando a ocupar o lugar que era há 15 anos de Vitor Melícias – que, por sua vez, passou a ser o novo presidente da Assembleia Geral.

Segundo apurou o SOL, Maria de Belém acabou por não aceitar os argumentos dos bispos e manteve a cerimónia de posse para o dia previsto desde o início: 15 de janeiro.

O provedor da Misericórdia de Campo Maior, já em 2003, tentara impugnar as eleições. Então, como agora, o seu recurso não foi aceite pela Assembleia Geral da União. Carrilho não participou na reunião magna que elegeu os corpos directivos da UMP e tem o pagamento das quotas em atraso, o que, só por si, lhe retiraria legitimidade para intervir neste processo.

Bispos ausentes da posse

Foi precisamente com esses argumentos, soube o SOL, que Maria de Belém recusou o recurso de Carrilho e respondeu à primeira carta da Conferência Episcopal. Nela, os bispos davam conhecimento à UMP de que tinham recebido também o recurso do provedor de Campo Maior e exigiam o adiamento da posse até que a União lhe respondesse.

Apesar das explicações da presidente da Assembleia Geral, a Conferência Episcopal voltou à carga. Numa segunda carta, agora já invocando o Direito Canónico e a sua tutela sobre as Misericórdias, solicitou de novo o adiamento.

Mas voltou a não conseguir nada. Maria de Belém, ao que soube o SOL, entendeu que a tutela dos bispos sobre as Misericórdias se restringe às matérias de culto, não podendo interferir no funcionamento da organização. A posse de Manuel de Lemos foi, assim, confirmada para o dia previsto. Mas o conflito teve consequências: a Conferência Episcopal não se fez representar na cerimónia.

Carrilho já tinha sido antes alvo de um voto de censura pelos seus pares, voto que foi aprovado por unanimidade. E tem um historial de conflitos internos com a antiga direcção, que culminou num processo-crime perdido a favor da União. Desta vez, porém, tem os bispos do seu lado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Aonde é que isto vai parar?