domingo, 11 de dezembro de 2011

O CAMINHO

O caminho faz-se caminhando.
Mas a escolha do caminho tem que ser criteriosa e acertada sob pena de não se conseguir atinar com o destino.
E a caminhada tem que ser adequada quer ao caminho quer às circunstâncias quer às condições dos caminhantes.
Tudo isto tem envolve uma harmonia estrutural e circunstancial de forma a permitir chegar ao fim com sucesso. Sabendo, no entanto, que o caminho jamais terá fim compatível com a longevidade humana. Mas que esse mesmo caminho tem percursos, estes sim perfeitamente compagináveis com a nossa presença terrena.
A opção do caminho é tão antiga como a própria humanidade. Já muito antes do nascimento de Jesus Cristo, os Profetas tinham feito a opção preferencial pelos pobres. Este tem que ser o caminho das Misericórdias.
Este é o caminho.
A forma de o percorrer é opção dos Homens. Mas sempre circunscritos aos limites estabelecidos: a opção preferencial pelos pobres. É, assim, definido de uma maneira muito clara o caminho e estabelecidos os seus limites.
As Misericórdias e a sua União deverão ter sempre presente quer no pensamento quer nas palavras quer na acção o caminho e os seus limites.
Se não for este o caminho escolhido jamais será possível atingir o destino (no caso concreto os destinatários: o pobres). E se não se respeitarem os limites corre-se um duplo risco: o de não encontrar o destino por opção do caminho errado e, simultaneamente, podem ocorrer despistes, indesejáveis.
Feita que foi a opção na origem (fundação das Misericórdias) da opção preferencial pelos pobres, iniciou-se um caminho sem retorno, mas em permanente construção, para que os avanços civilizacionais sejam sustentáveis.
A construção deste caminho tem como alicerce a Doutrina Social da Igreja tão velha quanto a humanidade. E só o respeito e consideração pelos princípios e valores doutrinais inspiradores conseguiram que a missão tenha sido cumprida ao longo de séculos, apesar dos desvios. Estes terão sempre que merecer a devida correcção para que o destino traçado não se perca do horizonte das intenções.
A intenção de socorrer os mais pobres tem que se traduzir em actos. Estes requerem sempre vontades, disponibilidades, Homens imbuídos de espírito inspirado na Doutrina, capacidades, conhecimentos e recursos. Tudo isto tem que ser conseguido e posto ao serviços, exclusivo dos mais pobres.
Sempre e quando tal não ocorrer estão a ser desvirtuados os princípios e valores próprios. Partticularmente, numa situação de crise como a actual a sensibilidade para a utilização dos recursos da forma mais adequado e criteriosa é imperativo não só de consciência mas sobretudo de obrigação moral e ética.
Atenção redobrada quando os recursos começam a ser cada vez mais escassos. Maior rigor é exigido na sua utilização, já que importa ter que se conseguir mais e melhor com menos.
O caminho definido de partida fica mais esteito, os limites tornam-se mais restritivos pelo que a acção implica rigor de pensamento, palavras e actos.
Quando alguém se permite utilizar esses recursos em benefício próprio para si e para os seus próximos em detrimento daqueles que sofrem, mai cedo ou mais tarde alguém há-de corrigir esses desvios e exigir a correspondente recompensa por percas e danos.
Sempre assim foi ao longo da história e sempre assim será até ao fim da humanidade.
Quem se mete no caminho traçado da opção preferencial pelos pobres e utilize os recursos destinados à sua construção para atingir os destinatários em benefício próprio, algum dia terá que merecer a correspondente penalização. Quem sabe se até não passará a ser um dos destinatários.
Na actualidade o caminho por que as Misericórdias optaram está mais estreito e com limites mais elevados. Importa pois que os recursos de que institucionalmente se dispõe sejam postos, em exclusividade, ao serviço dos mais pobres, que não páram de aumentar em número e em necessidades.
Tenhamos presente que nesta época de crescentes dificuldades os princípios doutrinais do Dom e da Gratuidade deverão estar ainda mais presentes no espírito de quem abraça a causa e sobretudo em todos os actos em que se é chamado a intervir.
A esteiteza do caminho não admite erros. Estes a existirem revelar-se-ão de desastrosas consequências quer para os destinatários das acções quer mesmo para aqueles que os cometem. E as consequências para estes serão particularmente devastadoras.
Estamos metidos num caminho sem grandes margens de erro. Onde várias são as opções possíveis. Mas qualquer dessas opções terá que utilizar todos os recursos disponíveis no combate à pobreza e à exclusão.
Não são aceitáveis desvios a favor dos gestores dos recursos destinados ao combate à pobreza. Nem em benefício próprio nem para seu usufruto. Ter-se-á mesmo que revelar o combate sem tréguas as esses desvios. Até porque só conduzirão a um progressivo aumento da pobreza que se quer combater.
As opções de percurso sendo possíveis várias alternativas, devem ser tomadas conscenciosamente de forma a melhor rendibilizar os recursos que são necessários ao investimento. A margem de manobra é escassa. A vontade tem que ser redobrada e o espírito de caridade Cristã, onde incluímos a Solidariedade, tem que estar presente e as acções serem consentâneas com tais desideratos.
Estamos a ser chamados a um caminho de verdade. De respeito pelo utilização dos recursos disponíveis de uma forma sustentada. De altruísmo, sobrepondo os valores do Amor pelo próximo. Da filantropia enquadrada pelos princípios a que jurámos, pela nossa Honra, respeitar, fielmente.
O caminho a ser percorrido será tanto mais fácil quando mais apoiado for quer em termos doutrinais quer em termos humanos.
Laços de fraternidade importa aprofundar e consolidar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora aí está um post com espírito de Natal. Mesmo que não se goste muito dos caminhos trilhados por "aqueles que se instalaram ..... " é salutar constatar que, (pela primeira vez ?) não se lhes refere em tom depreciativo/insultuoso.