quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

AS MISERICÓRDIAS

Esta Instituição ímpar que terá nascido em Portugal mesmo no ocaso do século XV constitui um dos pilares da nossa Identendidade colectiva enquanto Nação.
Diz a história de Portugal que nesse final do século XV grande era a crise que assolava a Nação Portuguesa apesar da dimensão global que os Portugueses deram ao Mundo.
Cincidindo com a descoberta do caminho marítimo para a Índia, terá sido criada a 1.ª Santa Casa da Misericórdia, a de Lisboa.
Portugal é hoje o que é porque tem no seu ADN uma Instituição com a natureza e especificidade de um universo constituído pelas Irmandades das Santas Casas da Misericórdia.
Também hoje Portugal vive mais uma crise que está a provocar um empobrecimento generalizado quando a expectativa era a da consolidação de um Estado de Bem Estar em associação com os restantes países que integram a União Europeia.
O mundo continua a viver situações paradoxais inexplicáveis para uns, consequência de erros humanos para outros.
O espírito de Caridade apropriado como resultado de uma vivência cultural e doutrinal Cristã de 2.000 anos mantendo-se presente impulsiona os mais sensíveis e disponíveis para a acção junto daqueles que já só com os seus próprios recursos não conseguem sobreviver com o mínimo de dignidade.
Homens Bons e de Bem imbuídos do espírito Cristão da Caridade conjugam vontades e saberes a que juntam recursos de forma a apoiar e acolher aqueles que sós, caminham num deserto estéril.
A estes salvá-los-á quem os encontrar e os conseguir encaminhar para oásis próximo.
Apesar do sentimento de tais oásis serem poucos e distantes para quem tantas dificuldades enfrenta e vive atormentado há sempre quem encontre forças e vontades de ir ao encontro daqueles que sofrem.
Inspirados numa cultura milenar e na esperança que Deis feito Homem trouxe à Humanidade, alguns conseguem ainda no meio de um deserto em cresciemnto, encontrar oásis de vontades, de quereres, de Amor para ir ao encontro do seu Irmão.
Este espírito de Irmandade universal que Jesus Cristo nos trouxe é recriado pelas Santas casas da Misericórdia cuja "alma" é a Irmandade que a enforma e suporta.
A Instituição com a designação mais consentânea com o seu espírito inspirador e fundacional deverá merecer ser Irmandade da Santa Casa da Misericórdia.
Intencionalmente as Misericótrdias são Irmandades inspiradas na Fé doutrinal de um Pai único. Todos nascemos iguais filhos de um mesmo Pai.
É, inspirados neste sentimento de Irmandade que foi criado o universo das Misericórdias.
Constituíndo, as Misericórdias um universo particular dotado de uma identidade própria inigualável, fará sentido que dentro deste universo as Irmandades de todas as Misericórdias constituam uma única Irmandade.
Porque as Irmandades constituem o cimento da "alma" institucional, a Irmandade universal das Misericórdias acrescenta fortaleza e coesão desde logo no aprofundamento da cultura e doutrina fundacional.
A coesão institucional cimentada na doutrina gerará sinergias de dimensão superior o que permitirá encarar as dificuldades em ambiente de grande proximidade. Será esta proximidade que promoverá o surgimento de encontros supletivos de práticas irmanadas para satisfação colectiva.
A promoção de uma Irmandade universal inspirada na Doutrina que gerou as Misericórdias impulsionará movimentos de universalidade caritativa.
Será este salto que importa promover para que Portugal veja mais dificuldades ultrapassadas e os Portugueses se sintam mais Irmãos.
O sentimento de Irmandade universla abrirá as portas a movimentos de âmbito nacional que se traduzirá na criação e consolidação de redes de acção e inetrvenção junto dos que mais necessitam.
Criar as condições objectivas para que tal desiderato ser conseguido é tarefa daqueles que foram chamados a criar as condições necessárias e suficientes para atenuar, quando não acabar, com o sofrimento Humano.
A alegria de promover a felicidade alheia é também missão de todos e cada um. O Homem só será, verdadeiramente, Feliz quando conseguir que aqueles que lhe são próximos puderem partilhar dessa mesma alegria.
A aproximação de Homens e Instituições é missão que importa promover e concretizar para que a alegria e a felicidade possam ser construídas em ambiente de paz e amor.
O mundo será tanto melhor quanto o contributo individual se enquadrar no modo de ver e agir colectivo.
O Homem é um ser social.
É no seio da sociedade que o Homem se realiza e ajuda a realizar.
As Obras de Misericórdias revelam-se um hino da caridade que as Misericórdias adoptaram como missão.
Esta mesma caridade está bem expressa na parábola do Juízo Final que aqui transcrevemos, como recordatória de parte da missão que as Misericórdias, livremente, adoptaram:
"Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te? E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;  Mateus 25:31-41".
É na prática do Bem que os Irmãos se revêem e é nesse mesmo espírito que procuram alcançar a felicidade.
Sendo a obra humana sempre imperfeita a missão das misericórdias jamais se esgotará. A actualidade e actualização das Irmandades permitiu-lhes sobreviver já mais de 5 séculos. Muitos mais será necessária a sua acção e intervenção junto dos que sofrem.
Onde ouver Homem haverá sempre sofrimento.
A atenção à realidade local e universal é missão que poderá ser recriada.
A criação de redes de caridade potenciará as acções individuais.
Em toda a nossa reflexão utilizámos, intencionalmente, a palavra Caridade pois que esta, na sua abrangência global vai muito além da significância do termo Solidariedade. A verdadeira Caridade é aquela que plha para o Homem na sua globalidade e promove a plena realização humana.

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