Como diz a sabedoria popular: o futuro a Deus pertence.
Se esta afirmação pode ser considerada válida na sua dimensão do absoluto, a verdade é que o nosso futuro está muito dependente do que nós formos capazes de realizar, ou não.
E se o nosso futuro a muito longo prazo estará nas mãos de Deus, o nosso futuro próximo está nas nossas e nas de Deus, mas mais nas nossas.
É, por isso, importante que sejamos capazes de projectar o nosso futuro tendo sempre presente que tal deverá ter sempre presente um caminho de procura da felicidade e do bem estar, sabendo que esse caminho está repleto de dificuldades. Não será necessário acrescentarmos mais às que serão naturais.
No Mundo as dificuldades podem ser encaradas de duas formas. Tomar decisões acertadas que as possam superar ou estar, permanentemente, a afirmar que a culpa de tais dificuldades são de terceiros. Vem esta reflexão a propósito do que hoje é referido no jornal i (1.ª pág.)colocando na boca do actual "presidente" do Secretariado Nacional (SN) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) a seguinte afirmação: "Presidente das Misericórdias ameaça revelar os serviços de saúde que lhe devem dinheiro".
Já aqui nos referimos por mais que uma vez que a entrada das Misericórdias constituiu um erro que se está a revelar colossal em resultado do seguidismo da promoção da entrada destas instituições nos moldes em que o fizeram levados pelo actual "presidente" do SN da UMP.
Já também por mais do que uma vez aqui o referimos que a entrada das Misericórdias na área da saúde nos moldes em que foi feito só poderia conduzir a esta situação que não tem a ver com os atrasos nos pagamentos. É que mesmo que o estado - através dos seus diversos serviços - regularize os pagamentos às Misericórdias, as dificuldades financeiras nestas, não desaparecerão. O erro de base cometido é o seguinte: nenhum negócio seja de que natureza for tem a minima possibilidade de sucesso se tiver um único cliente. Ora o que se passa é que por promoção do actual "presidente" do SN da UMP as Misericórdias foram levadas e até, moralmente, ameaçadas para aderirem à prestação de serviços de saúde, em exclusividade para o Estado. E o resultado aí está. Rotura financeira das Misericórdias.
Desde os finais dos anos 80 do século passado que se tinha a fortissima convicção de que o Estado não disporia de condições para suportar um continuado aumento de financiamento às Instituições. Já nessa altura, dentro da UMP, se começava a tentar encontrar soluções alternativas para financiar as obras assistencias que as Misericórdias estavam a iniciar. Uma das possibilidades equacionadas então era a retoma da actividade farmacêutica, porque então se revelava uma actividade geradora de recursos. Tal era resultado da experiência vivida pelas mais de 3 dezenas de Misericórdias que possuiam e possuem farmácias e porque a actividade farmacêutica sempre esteve muito ligada às Misericórdias, havendo até que afirme que a verdadeira actividade farmacêutica teve início dentro das Msericórdias com forte ligação aos hospitais que na sua esmagadora maioria eram geridos por estas Instituições.
A partir do início dos anos 90 tal ideia foi, pura e simplesmente abandonada, tendo a partir de meados dessa década passado até a ser repudiada por quem detinha a "presidência" do SN da UMP. Situação esta que se agravou desde há 5 anos anos a esta parte com o actual "presidente". Este continua a apostar, exclusivamente, na prestação de serviços ao Estado e no financiamento público. O que já se revelou um erro de dimensões colossais.
Mas se falamos do passado numa reflexão intitulada "FUTURO" é porque queremos alicerçá-la. E nada melhor do que um alicerce de pensamento do que reflectir sobre o passado recente, porque também recente é a UMP. Tem agora 35 anos.
Mas se em finais dos anos 80 já se perspectivava que o estado não pudesse garantir um continuado e crescente financiamento às Misericórdias, agora essa perspectiva virou realidade e dura.
Portugal está mergulhado num mar tormentoso de dificuldades. O Estado tem cada vez menos recursos financeiros para garantir os compromissos, razão que o leva a aumentar os impostos da forma como o tem feito. E para não continuarem a aumentar o Estado vai ter que se redimensionar. Ora acontece que as três áreas onde a maioria dos recursos financeiros do esatado são gastos são: a Saúde, a Educação e a Segurança Social. Áreas estas que são as principais onde as Misericórdias intervêm. Isto quer dizer que as Misericórdias se não virem o financiamento por parte do esato reduzido já se podem dar por felizes. Mas isto deverá revelar-se a muito curto prazo uma impossibilidade. O Estado vai ter mesmo que passar a gastar menos e provavelmente bem menos nestas três áreas.
É para isto que as Misericórdias se devem ir preparando, para que o recurso a financiamento por parte do Estado seja, gradualmente, reduzido.
Por outro lado os Portugueses estão a constatar que o seu rendiemnto disponível está a reduzir-se de uma forma drástica. O que quer dizer que as comparticipações das Misericórdias que, genericamente, são fixadas em função do rendimento das famílias, também irão baixar.
Confrontadas com esta dura realidade, as Misericórdias vão ter as suas receitas sujeitas a uma continuada redução. O que quererá dizer que as Misericórdias, se não diversificarem as suas fontes de receita habituais, não terão a mínima possibilidade de continuar a garantir a prestação de serviços de que actualmente dispõem.
As Misericórdias estão a confrontar-se com um novo paradigma e que passa por estarem a sentir um crescendo de procura dos seus serviços e apoios, concom,itantemente, com uma redução significativa das suas receitas, a qual se irá agravar com o passar do tempo. No próximo ano, as Misericórdias irão ter muito mais dificuldades do que aquelas com as quais já se confrontam.
Acresce a isto que aquelas Misericórdias que embarcaram na loucura promovida pelos actuais "dirigentes" da UMP, nom,eadamenet, pelo "presidente" do SN, vão-se confrontar com uma diminuição da procura dos serviços por parte do Estado. Quer isto dizer que poderá haver até Misericórdias que nem sequer doentes irão ter, o que inviabilizará o funcionamento e operacionalização das unidades de saúde cujas obras ainda decorrem, senão mesmo inviabilizarão a própria Misericórdia.
O futuro próximo para as Misericórdias não se perspectiva nada fácil.
E com afirmações como a que hoje transcreve o jornal i na sua primeira página só provoca animosidades que terão como consequência o agravar das dificuldades com que as Misericórdias já se confrontam.
As dificuldades institucionais das Misericórdias são hoje enormes o que provocam constrangimentos operacionais na concretização da sua missão doutrinal.
As dificuldades que o País atravessa não são pasíveis de resolução a curto prazo.
As dificuldades crescentes com que os Portugueses se confrontam revelam-se na diminuição progressiva do rendimento disponível.
Tudo isto conjugado perpsectiva um mar de dificuldades que só em solidariedade inter-institucional dentro da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) será possível ultrapassar.
E se estas dificuldades originam problemas de progressiva complexidade, o que as Misericórdias menos necessitam é que o "presidente" do SN da UMP venha para os jornais tentar apagar o fogo com gasolina enriquecida.
De facto as Misericórdias o que mais necessitam agora e no futuro próximo é de um ambiente de boa harmonia quer com as instituições, com as entidades e com os cidadãos. Não podem nem devem criar e agravar climas de hostilidade tal como o está a fazer o "presidente" do SN da UMP.
As Misericórdias são Instituições promotoras de Paz e de harmonia entre os Homens. Climas de animosidade só reverterão a situação e revelar-se-ão, altamente, prejudicias para a missão de que estão investidas.
Nesta altura de dificuldades crescentes em que as mesmas são transversais a toda a sociedade o que menos se precisa é de provocar conflitos quando, à partida se deve ter consciência que do outro lado também existem dificuldades senão mesmo impossibilidades.
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