domingo, 18 de dezembro de 2011

O BEM ESTAR

Mente sã em corpo são.
O Homem em toda a sua plenitude deve usufruir de bem estar físico e de bem estar moral e espeiritual.
As políticas públicas inseridas nos princípios filosóficos que inspiram o Estado Providência preocupam-se, praticamente, só com o bem estar físico dos cidadãos inseridos nas condições ambientais que os rodeiam.
Em Portugal as instituições que garantem a operacionalização das políticas públicas da chamada segurança social vêem constrangidas a seguir as linhas de política que visam, quase em exclusividade, garantir o bem estar físico dos cidadãos.
Particularmente as Misericórdias enquanto instituições que corporizam a prática das políticas públicas têm sido obrigadas a priviligiar acções no âmbito das 7 Obras de Misericórdias Corporais.
Perante esta realidade constata-se que as Misericórdias, por imperativos externos, estão impossibilitadas do cumprimento total da sua missão e que é o cumprimento integral das 14 Obras de Misericórdia.
A acção das Misericórdias é desta forma empobrecida o que as assemelha, neste campo, a instituições filantrópicas. A acção enquadra-se mais no âmbito da solidariedade do que na da Caridade Cristã. Esta olha para o Homem na sua plenitude, do corpo mas também da alma, enquanto a solidariedade olha mais para o Homem enquanto corpo.
Ainda assim as Misericórdias têm procurado ir mais além do que garantir sóo bem estar físico dos cidadãos por si acolhidos ou assistidos.
As Misericórdias têm procurado garantir as melhores condições possíveis de bem estar aos cidadãos que assistem e acolhem. E têm-no feito de uma forma exemplar. De tal forma exemplar que as Misericórdias são as instituições de âmbito local muito respeitadas e reconhecidas.
Depois da nacionalização dos hospitais, nas últimas 3 décadas e meia, as Misericórdias direccionaram as suas acções para as crianças, e sobretudo para as pessoas idosas. Muitas e diversificadas respostas sociais foram criadas onde cidadãos são assistidos e/ou acolhidas.
As carências eram e são tantas que as Misericórdias não foram, não são e jamais serão capazes de coresponder a todas as necessidades das sociedades locais. Ainda assim direccionaram-se para o mais premente. E têm-no feito bem e, genericamente, a contento dos cidadãos e das famílias.
Da impossibilidade de as Misericórdias poderem corresponder às necessidades do presente têm surgido novas e diversificadas respostas sociais adaptadas e especializadas. A proliferação de outras instituições que não Misericórdias tem sido uma realidade.
A necessidade de especialização inviabiliza qualquer possibilidade de uma única instituição prestar todos os serviços que os cidadãos mais necessitam, tanto mais que os destinatários dos serviços e acções das instituições sãoos mais débeis,os mais pobres.
As Misericórdias mais direccionadas para o apoio e assistência às pessoas idosas criaram e mantêm equipamentos sociais de elevada performance muito dos quais já certificados e muitos mais e fazer o percurso prévio à certificação.
O que as Misericórdias têm feito, nestes últimos 35 anos e continuam a fazer procura corresponder às necessidades mais básicas, procurando garantir o bem estar físico dos cidadãos assistidos e acolhidos. Há muito que as Misericórdias não são capazes de corresponder a todas as solicitações dos cidadãos e respectivas famílias.
Há ainda neste campo da solidariedade muito a fazer. E principalmente ações direccionadas às pessoas idosas. Nos próximos 40 anos, em média, o número de pessoas acima dos 65 anos crescerá 40.000 todos os anos. E é nas idades mais avançadas que o n.º de pessoas idosas mais crescerá.
É pois fundamental que as Misericórdias acompanhem a evolução social e procurem corresponder à generalidade das necessidades de acolhimento e assistencias dessas pessoas.
A situação que Portugal e a Europa atravessam requerem reflexão prospectiva. O que é que as Misericórdias poderão fazer de futuro para corresponder às necessidades das comunidades onde se inserem?
As necessidades não pararão de crescer quer em número quer em complexidade. Concomitantemente, os recursos,sobretudo os financeiros,estão num período de decréscimo continuado, não se perspectivando quando se inverterá a actual tendência.
Acresce que muitos equipamentos sociais, nomeadamente, lares e centros de acolhimento, necessitam de remodelação e ampliação. Sendo certo que o Estado continuará a sofrer de carências para apoiar as necessidades de investimento das Misericórdias, será desejável que se reflita em conjunto sobre o futuro.
As Misericórdias estão a ser confrontadas com crescentes dificuldades de vária natureza. Estas dificuldades podem coinstituir um estímulo para a procura de soluções sustentáveis. A superação dessas dificuldades não poderá depositar muitas esperanças nos recursos públicos com origem no Orçamento Geral do Estado.
Ao logo da sua longa história as Misericórdias foram capazes de encontrar as soluções possíveis comos recursos disponíveis. Novos tempos, com novas respostas aos desafios do futuro, se aproximam. É fundamental inovar. É necessário estar atento à evolução social. É necessário corresponder aos anseios das populações. É necessário que a esperança não desapareça.
As Misericórdias são Instituições inspiradas na Doutrina Socialda Igreja. As suas acções e intervenções são concretizadas por Homens de Fé. E a Fé move montanhas.
A força dos Homens que servem nas Misericórdias aliada à Fé Cristã possibilitará encontrar soluções para os problemas do presente assim como do próximo futuro.

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