domingo, 14 de agosto de 2011

GABINETE DE ESTUDOS E INOVAÇÃO

A história das Misericórdias será tão antiga como a própria designação MISERICÓRDIA.
O futuro das Misericórdias será aquilo que o desenvolvimento das sociedades "exigir".
Se a história é possível realizar, com mais ou menos, dificuldade, já prospectivar o futuro das Misericórdias requer uma capacidade de "ficcionar" uma realidade em aproximação.
As Misericórdias Portuguesas são detentoras de um relevante património histórico construído com a acção e intervenção empenhada de muitos milhares de Mulheres e Homens que deram muito de si para melhorar a vida de muitos mais milhares de cidadãos anónimos.
Muito se tem escrito sobre as Misericórdias.
Mas o que falta escrever sobre estas seculares Instituições é bastante mais do que até já se escreveu.
O que se escreveu e se publicou ao longo do séculos, sobre Misericórdias, é do maior interesse. Muito desses  documentos estão dispersos em vários arquivos públicos e/ou privados. Mas, certamente, muitíssimos registos de grande importância se perderam e são já irrecuperáveis.
É sobretudo a pensar na salvaguarda do que existe e do que irá ser produzido no futuro que se escreve parte desta reflexão.
As Misericórdias, em 1976, decidiram fundar uma União a que deram a designação de União das Misericórdias Portuguesas (UMP). Fácil foi criar a designação. Difíceis foram os seus primeiros tempos com uma situação política adversa que nem se coibiu de projectar a extinção das Misericórdias. Mas foi nesse enquadramento que as Misericórdias se uniram e conseguiram sair "vitoriosas", com o apoio das populações locais identificadas com as Instituições que lhes eram muito caras e também com o apoio de algumas forças políticas do chamado arco governanmental.
A existência da designação UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS requer, em primeiro lugar, uma comunhão de ideais, entre aqueles que a dirigem e os dirigentes das Misericórdias. A União exige um esforço contínuo de construção e agregação de ideais, de vontades e sobretudo de comunhão.
As Misericórdias e a sua União não o serão sempre que houver apoderamento instucional para daí extrair benefícios para particulares e seus pequenos grupos de interesses. Sempre que tal aconteceu e acontece, as Misericórdias perdem credibilidade, confiança e sobretudo desaparece a sua própria natureza, enquanto Instituições de Bem Fazer, aos que mais necessitam.
Apesar de estar ainda em fase de concretização o que se chama Portugal Monumenta Misecordiarum, esta não passa de um conjunto de mera informação de grande utilidade, mas que só por si não vale. É fundamental que o estudo sobre o universo das Misericórdias comece a ser realizado. Este universo é muitíssimo importante, razão pela qual deveria já há muito ter merecido uma análise histórica do seu conjunto. É sobretudo isso que falta fazer, uma abordagem do colectivo. Estetrabalho que importa levar a cabo deverá ser promovido e impulsionado pela verdadeira União - UMP - instância que deverá agregar o universo constituído pelas Misericórdias Portuguesas, o que hoje, nem de perto nem de longe acontece.
Já aqui temos referido que a situação para que a UMP foi conduzida, a partir de 1991, foi a de um desfazamento progressivo entre a visão de conjunto e o seu aproveitamento para apropriação de vantagens particulares para alguns. Desta situação tem resultado um afastamento progressivo das Misericórdias da sua União. Um facto bem elucidativo da perca da capacidade de representação da UMP resulta do facto de a Direcção da CNIS ter tantos Provedores como a "direcção" da UMP (1), um. Outro facto elucidativo prede-se com a impossibilidade de as Misericórdias assumirem cargos nos órgãos sociais da UMP. Deve ser o único caso em Estados de Direito onde numa associação, como é o caso da UMP, em que os sócios (as Misericórdias) não podem ser eleitas para os seus órgãos sociais.
Importa pois que a UMP seja dotada de uma estrutura que permaneça atenta, activa e actuante na recolha de toda a matéria que se revele interessante para o estudo das Misericórdias.
Desde logo, já há muito, que a UMP devria ter criado uma Biblioteca onde juntasse tudo o que é publicado em Portugal e não só sobre Misericórdias. Há imensa documentação do maior interesse para o conhecimento da história das Misericórdias. Mas, inexplicavelmente, aqueles que "dirigem" a UMP não demonstram a mais pequena sensibilidade para criar esta estrutura. Pior. Para além de revelarem total insensibilidade, parece que até têm desprezo sobre a realidade histórica das Misericórdias.
As Misericórdias merecem uma União que lhes dedique a atenção que a sua dimensão exige. Para tal deverão impôr a criação da Biblioteca das Misericórdias sediada na UMP. Esta Biblioteca deverá ficar a cargo de quem tenha competência técnica para a dirigir assim como para a gerir. É lamentável que alguém que queira conhecer algo sobre as Misericórdias, individual ou colectivamente, não veja na UMP senão a última das possibilidades. Alguém que queira conhecer algo sobre as Misericórdias não será na UMP que obtem a informação que procura. Pior. Nem ao menos aí se sabe onde existe informação disponível.
É tempo de as Misericórdias que demonstram estar empenhadas em salvaguardar o seu património histórico tomem uma iniciativa de união por forma que seja possível realizar a história assim como o enquadramento institucional da acção das Misericórdias ao longo dos séculos.
Claro que o que é necessário fazer-se é chamar à participação as Universidades. Algumas destas, nomeadamente, a do Minho, de Coimbra e Évora têm desenvolvido trabalhos de investigação dos quais têm resultado algumas publicações de grande interesse. É fundamental promover a sua continuidade.
Algumas Misericórdias, na ausência de iniciativas por parte da UMP, têm levado a cabo algumas iniciativas onde trabalhos de investigação publicados, iniciativas essas às quais os que "dirigem" a UMP permanecem, completamente, indiferentes.
Na salvaguarda do património histórico (que não o património imóvel a que os "dirigentes" da UMP parecem demonstrar grande interesse) está quase tudo por fazer. Mas tal só é possível realizar coma intervenção do universo constituído por todas as Misericórdias já que é componente da sua missão colectiva.

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