Quem esteve presente na "cerimónia" de inauguração do Centro para deficientes de Borba da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) não pode deixar de sentir mal quer com o aparato quer com as circunstâncias.
Mais uma vez foi alugada uma carpa para a cerimónia. Quanto custou este disparate? Certamente, uns largos milhares de euros.
Este aparato e estes gastos não fazem sentido numa organização como é a UMP.
Mas há alguns "pormenores".
Notou-se uma quase ausência de equipamento quer nos quartos quer nas salas.
Ainda assim algum do equipamento mostrado terá levado do Centro de Deficientes de Fátima, só para compor o ramalhete.
O altar da capela terá levado da Misericórdia do Vimieiro, para que não estivesse vazia.
Uma curiosidade significativa: a filha do Provedor da Misericórdia do Vimieiro que será o encarregado pela UMP de gerir esse centro em Borba terá sido admitida para "gerir" o economato desse mesmo centro.
Compreender-se-á, assim, melhor a razão da atribuição da condecoração da UMP a esse "provedor" com grau de benemérito.
De facto, se os factos que circulam entre todos os que estão ligados às Misericórdias, esse "provedor" merece tal condecoração, visto tratar-se do maior benemérito para si próprio. De há uns dez anos a esta parte vive exclusivamente à custa das Misericórdias, quer pela que beneficia da UMP quer pelos benefícios quie a si próprio terá atribuído na Misericórdia do Vimieiro.
Sobre o Centro de Deficientes em Borba diz quem conhece a realidade da deficiência nessa região do Alentejo que não haverá Deficientes que justifiquem a abertura desse mesmo centro.
Este centro de deficientes corre assim sérios riscos de se tornar mais um elefante branco.
Mas se assim acontecer isso não interessa nada a quem vive à custa das Misericórdias.
Quando todas as políticas de apoio à deficiência apontam para a integração dos deficientes na sociedade, esta UMP constrói um centro para deficientes completamente isolado de forma a dificultar o contacto dos deficientes com as estruturas locais.
Mas com esse centro conseguiu-se dar mais dinheiro a mais alguns amigos que permitem a continuidade daqueles que se instalaram nos órgãos sociais da UMP.
Será isto, fundamentalmente, que justifica a edificação de um centro que tudo aponta não servirá para mais nada do que para isso.
Com casos com estes não será fácil sair da crise que está instalada e que alguns talvez a queiram perpectuar para a partir daí extrairem benefícios para si próprios e para grupelhos que os apoiam.