domingo, 8 de dezembro de 2013

AS MISERICÓRDIAS EM DIFICULDADES

São cada vez mais frequentes as notícias sobre Misericórdias em dificuldades.
Há muito que era previsível o surgimento de dificuldades das Misericórdias, de entre as quais, as financeiras.
Às dificuldades financeiras que estão a atingir um número progressivo de Misericórdias não será estranho o posicionamento daqueles que "dirigem" a União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
Reservamo-nos e não referiremos as Misericórdias com dificuldades, por razões óbvias, mas que têm sido alvo de notícias divulgadas em órgãos da comunicação social.
A ausência de estratégia organizacional, dentro da UMP, tem conduzido a um acréscimo de dificuldades. Referiremos que o pensamento daqueles que "dirigem" a UMP assenta no pressuposto de que compete ao Estado assumir as responsabilidades financeiras das Misericórdias enquanto Instituições de apoio a cidadãos carenciados.
A história regista que foi, exactamente, pelas razões contrárias que surgiram as Misericórdias, no final do século XIV. Foi devido à impossibilidade do Estado fazer frente às dificuldades dos cidadãos carenciados/pobres da altura que nasceram as Misericórdias para a prática das Obras de Misericórdia sem qualquer comparticipação do Reino.
Sabe-se desde há muito que a comparticipação do Estado tem vindo a diminuir, em termos relativos. A comparticipação do Estado cobre uma percentagem progressivamente menor dos custos operacionais das valências.
Acresce que a entrada das Misericórdias na Rede de Cuidados Continuados de Saúde tem-se revelado um colossal erro. Em termos financeiros a Misericórdias que acreditaram nos que "dirigem" a UMP estão com gravíssimos problemas financeiros.
Para além de há muito ser expectável que tal viria a acontecer, ainda que os "dirigentes" da UMP o queiram esconder, já não podem.
A prova das dificuldades financeiras crescentes na Misericórdias foi:
- a criação de uma linha de crédito que não foi suficiente.
- a criação de um fundo de apoio às Misericórdias, menos de 2 anos depois.
O actual Governo já criou 2 instrumentos com o objectivo de apoio à tesouraria das Misericórdias.
Mas, com o crescendo das dificuldades com que as Misericórdias se confrontam será expectável que as dificuldades continuem.
Há muitos, muitos anos que um grande número de Senhores Provedores vem reclamando uma reflexão ampla e alargada sobre um novo modelo de financiamento com o objectivo de tornar as actividades das Misericórdias sustentáveis.
Os actuais "dirigentes" e os que os antecederam tudo fizeram para impedirem essa reflexão. E atá agora conseguiram.
Mas as dificuldades financeiras das Misericórdias serão de impossível ultrapassagem enquanto for mantido o actual modelo.
A UMP tem que ser um espaço/instituição no qual as Misericórdias se revejam e onde possam reflectir sobre matérias que as preocupam. Como tal não acontece por vontade daqueles que a "dirigem" será natural que algo tenha que mudar. E o que deve mudar quanto mais depressa melhor para as Misericórdias e para o combate à pobreza é a estrutura "dirigente" actual. Se tal não acontecer as dificuldades com que as Misericórdias se defrontam não pararão de aumentar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só quem estiver distraído não constatará as dificuldades financeiras com que as Misericórdias se deparam. De entre elas, as que mais por dentro da UMP estiveram, como são Fundão, Portimão, Barreiro ...

Anónimo disse...

Quanto ganha o Sr que anda a fazer a ronda pelas Misericórdias sobre a Gestão Sustentável das mesmas, ao serviço da UMP ?
Cumprimentos