quinta-feira, 6 de outubro de 2011

NÃO HÁ CONFIANÇA NOS "DIRIGENTES" DA UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS

Não poderia ter chegado mais a tempo e mais a propósito a entrevista do Senhor Provedor da Misericórdia do Porto à TVI24 anteontem, dia 4 de Outubro.
Transcrevemos:
Em muitas Misericórdias do Norte do País, nomeadamente, da Região de Trás-os-Montes, a situação é muito difícil, porque eu próprio tenho disponibilizados contactos com membros do Governo e os Provedores no sentido de tentar obter soluções para essas santas casas de misericórdia que estão sem receber há longos meses, algumas delas há cerca de 6 meses as transferência a que têm direito por parte do estado.
O Governo tem, de certa maneira, justificado estes atrasos com o facto de ter sido surpreendido com alguns desvios na execução orçamental e que muitos destes padrões de compromisso e contratos estariam em risco de não poder ser cumpridos.
Para quem ainda tiveese eventuais dúvidas sobre a ausência de confiança que os Senhores Provedores têm nos actuais "dirigentes" da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) bastará escutar as palavras anteontem proferidas pelo Senhor Provedor da Misericórdia do Porto e aqui agora transcritas.
Mal poderíamos nós imaginar que, imediatamente, após a publicação do post no dia 4 de Outubro iria ser emitida a transcrita entrevista do Senhor Provedor da Misericórdia do Porto.
Procurando podemos encontrar como definição para confiança: 1 crença na probidade moral, na sinceridade afectiva, nas qualidades profissionais, etc., de outrem, que torna incompatível imaginar um deslize, uma traição, uma demonstração de incompetência da sua parte; crédito, fé 2 crença de algo não falhará, é bem feito ou forte o suficiente para cumprir a sua missão 3 força interior, segurança, firmeza 4 crença ou certeza de que as suas expectativas serão concretizadas; esperança, optimismo 5 sentimento de respeito, concórdia, segurança mútua
Partindo deste conceito de confiança, facilmente, constatremos que o que quer o Senhor Provedor da Misericórdia do Porto quer os Senhores Provedores das Misericórdias do Norte quiseram demonstrar a quem está instalado no cargo de "presidente" do SN da UMP foi uma manifesta prova de ausência total de confiança na resolução e/ou ultrapassagem das dificuldades com que estão confrontados e estão a viver. O que o Senhor Provedor da Misericórdia do Porto e os Senhores Provedores das Miseicórdias do Norte quiseram dizer ao "presidente" do SN da UMP foi que não confiavam nele, nem nos seus pares, para junto do Governo tentar ultrapassar as dificuldades e os problemas com que se debatem. Não têm mais confiança em quem "dirige" a UMP para resolver e/ou tentar resover, em sua representação, os problemas com que se debatem. O que o Senhor Provedor da Misericórdia do Porto e os Senhores Provedores das Misericórdias do Norte demonstraram foi o não reconhecimento de confiança nos "dirigentes" da UMP. Os "dirigentes" da UMP não são mais dignos de confiança por parte do Senhor Provedor da Misericórdioa do Porto nem dos Senhores Provedores das Misericórdias do Norte.
Aqui está mais um facto que desmonstra e elucida alguém que ainda não tivesse tal convicção. A entrevista do Senhor Provedor da Misericórdia do Porto constitui um facto demonstrativo da falta de confiança de próprio, assim como dos Senhores Provedores a que se referiu, nos actuais "dirigentes" da Misericórdia do Porto.
O que esta entrevista vem demonstrar é a total ausência de confiança de Senhores Provedores das Misericórdias do Norte. Esta realidade não é nova. Quem acompanha a realidade institucional, constituída pelo universo das Misericórdias, conhece também, muito bem, a falta de confiança que as Misericórdias, de uma forma geral, sempre tiveram, quer no actual "presidente" do Secretariado nacional (SN) da UMP e por arrastamento em todos aqueles que este escolheu para os acompanhar. É esse falta de confiança nos "dirigentes" da UMP que agora se está a tornar cada vez mais e melhor conhecida.
Aqui está um facto que é a constatação da total ausência de confiança de Senhores Provedores das Misericórdias nos actuais "dirigentes" da UMP. Há muito, muito tempo mesmo que tal esta ausência de confiança nos "dirigentes" da UMP é sentida e vivida pelos Senhores Provedores. Quer dizer que se os Senhores Provedores das Misericórdias tivessem confiança nos "dirigentes" da UMP nem o Senhor Provedor da Misericórdia do Porto se teria disponibilizado para ser o interlocutor das Misericórdias do Norte junto do Governo, nem os Senhores Provedores das Misericórdias do Norte tinha solicitado e aceite essa mesma disponibilidade. Porquê ? Porque tal missão é da competência dos Dirigentes da UMP. Quer isto dizer que se a UMP estive dotada de Dirigentes" e não de "dirigentes", haveria confiança mútua. Assim não há, nem se vislumbra que algum dia possa vir a a haver.
Esta constatação tem implicações, altamente, lesivas para a missão quercolectiva quer individual das Misericórdias. São cada vez menos as Misericórdias que recorrem ao apoio efectivo desta UMP para a ultrapassagem dos problemas e das dificuldades que só serão ultrapassáveis em Solidariedade. Cada vez são mais as Misericórdias que dispensam, senão desprezam mesmo, os serviços destes "dirigentes" desta UMP, já que é sentimento generalizado que esses mesmo "dirigentes" não se interessam, minimamente, pelas dificuldades e problemas vividos pelas Misericórdias e muito menos procuram soluções para os mesmos.
Os actuais "dirigentes" das Misericórdias conhecendo a total ausência de confiança que os Senhores Provedores lhes dedicam têm pavor de criar espaços e tempos onde as Misericórdias analisem, abordem e concluam sobre caminhos de futuro. POs actuais "dirigentes" da UMP têm pavor que a sua inacção, inabilidade, incapacidade e/ou incompetência, universalmente, conhecida possa ser, minimamente, posta em causa nesses espaços e tempos. Para os "dirigentes" da UMP há que fazer tudo o que seja possível e pareça impossível para se manterem nos cargos dos quais jamais quererão abdicar.
Dificilmente aqueles que se instalaram nos cargos dos órgãos sociais da UMP (AICOSUMP) recuperarão a confiança perdida. Se é que alguma vez a tiveram. É que a confiança, uma vez perdida, dificilmente, se recupera. E os factos dignos de serem considerados como demonstrativos de total ausência de confiança nos "dirigentes" da UMP são tantos, tantos que é, praticamente, impossível aos Senhores Provedores depositarem nesses "dirigentes" alguma confiança, por mínima que seja.
Quando o Senhor Provedor da Maior Misericórdia do País se disponibiliza junto das Misericórdias do Norte para tentar ultrapassar dificuldades diz tudo sobre a confiança que quer esse Senhor Provedor quer os das Misericórdias em dificuldades depositam nos actuais "dirigentes" da UMP. Nenhuma, concluo sem a mínima dúvida. Este facto que constitui em si mesmo uma demonstração cabal de total falta de confiança nos "dirigentes" da UMP deveria obrigar esses mesmos "dirigentes" a convocar, aí com todo o fundamento necessário para tal, a Assembleia Geral (AG) da UMP e perguntarem às Misericórdias se de facto são dognos de lhes manterem confiança. Mas nesta não cairão os "dirigentes" da UMP. É que não vá o diabo tecê-las e as Misericórdias não reconheçam que são dignos de confiança e assim sejam obrigados a ir-se embora de cargos que jamais deveriam ter ocupado. Como já toda a gente reconhece os "dirigentes" da UMP tudo farão para jamais poderem ser postos em causa e muito menos para que haja condições para que sejam obrigados a abandonar os cargos para que foram "eleitos" na UMP.
Esta falta total de confiança dos Senhores Provedores das Misericórdiasd do Norte, nos "dirigentes" da UMP, levou-os a tentarem encontrar no seu seio alguém que possa ultrapassar esta falta de confiança. E num gesto de Solidariedade o Senhor Provedor da Misericórdia do Porto disponibilizou-se para dialogar com o Governo, reconhecendo a falta de capacidade dos "dirigentes" da UMP para tal.
Tudo isto é tão mais estranho quando se sabe que o "presidente" do SN da UMP e mentor da actual composição dos órgãos sociais da UMP foi "eleito" na qualidade de irmão da Misericórdia do Porto. Este facto é tão mais relevante quando pode ser entendido como uma demonstração de total ausência de confiança, por parte do Senhor Provedor da Misericórdia do Porto, no irmão da sua Misericórdia, para o exercício do cargo de "presidente" do SN da UMP. Se assim não fosse em vez de ser ter disponibilizado para, em acto de manifesta ultrapassagem, promover o diálogo das Misericórdias do Norte com o Governo, tinha pressionado o seu irmão "presidente" do SN da UMP para tal. Não o tendo feito quis demonstrar que o irmão "presidente" do SN da UMP não é digno da sua confiança nem da confiança dos Senhores Provedores das Misericórdias do Norte.
E assim vai continuando a ser desautorizada uma Instituição que deveria ser uma referência nacional e internacional do movimento de Solidariedade constituído pelo universo das Misericórdias. A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) com esta composição dos seus órgãos sociais não merece a confiança por parte dos Senhores Provedores e não dispõe de credibilidade para representar as Misericórdias junto das entidades de tutela.
Depois de toda esta reflexão a questão que se nos coloca é a seguinte: terão, os actuais órgãos sociais da UMP condições (se alguma vez tiveram) para continuarem no exercício dos cargos ?
A resposta só pode ser uma e é: objectivamente, não.

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